É curioso como tanta gente fala sobre LGPD, mas pouca gente realmente entende como ela se aplica no dia a dia das campanhas digitais. Parece que o assunto ficou preso nos manuais jurídicos e nunca aterrissou de verdade na rotina do marketing. Só que a lei está aí, válida desde 2020, e ignorar seus impactos pode sair bem caro.
Empresas de todos os portes seguem coletando dados como se fosse 2010. Pixel aqui, cookie ali, e-mails capturados sem muito critério… tudo funcionando na base da conveniência. Mas será que alguém parou pra pensar se isso está dentro da lei? Spoiler: muitas vezes, não está.
E nem precisa ser um escândalo para dar problema. Às vezes, uma simples landing page sem política de privacidade já pode render uma dor de cabeça jurídica. O ponto é que a LGPD não exige apenas consentimento — ela exige intenção, clareza, registro e transparência em todo o processo de tratamento de dados.
Vamos falar mais sobre os riscos que ainda estão passando batido em campanhas digitais. E, claro, como evitá-los antes que virem uma notificação formal (ou um escândalo público no Reclame Aqui).
Coleta de leads sem transparência
O erro mais comum é o mais básico: formular um formulário (sem trocadilho) que pede nome, e-mail e telefone… e só. Nada de checkbox, nada de explicação, nada de link para política de dados. Se isso te parece familiar, você não está sozinho — esse tipo de coleta ainda é amplamente usado.
A LGPD exige que o usuário saiba exatamente o que será feito com seus dados. Isso inclui o motivo da coleta, o tempo de armazenamento, com quem os dados serão compartilhados e qual o canal para solicitar a exclusão. Simples? Nem tanto, mas absolutamente necessário.
Outro ponto importante: o checkbox não pode estar pré-marcado. Consentimento válido precisa ser ativo. Isso é algo que ainda passa despercebido em muitos templates prontos por aí. A pressa por conversão acaba atropelando a conformidade legal.
Uso de cookies sem aviso ou controle
Você entra num site e já vê o pixel do Facebook disparando… antes mesmo de qualquer aviso. Isso continua acontecendo, mesmo depois da LGPD. E é grave. A coleta automática de dados, especialmente para fins de remarketing, precisa ser precedida de consentimento explícito.
Isso vale para cookies analíticos, de performance e, especialmente, os de rastreamento publicitário. Ferramentas como o Google Consent Mode ou plugins de gestão de cookies são boas alternativas para ajustar esse fluxo de forma mais controlada.
O ponto central aqui é: não basta exibir um aviso genérico no rodapé. O usuário deve poder escolher quais categorias de cookies aceita ou rejeita. E mais: sua escolha precisa ser registrada — tecnicamente e juridicamente.
Compartilhamento de dados com terceiros
Campanhas digitais modernas usam várias ferramentas ao mesmo tempo: CRMs, plataformas de automação, sistemas de mídia paga, analytics… e muitas dessas ferramentas armazenam os dados em servidores fora do Brasil. Isso, por si só, já exige atenção extra.
A LGPD prevê regras específicas para transferências internacionais de dados. Se você está usando uma ferramenta que envia dados para servidores nos EUA ou Europa, precisa garantir que ela oferece um nível de proteção equivalente ao exigido por aqui.
Além disso, é importante que os contratos com esses fornecedores incluam cláusulas específicas de proteção de dados. Não é algo que as agências costumam revisar, mas deveria. A responsabilidade é compartilhada — e os riscos, também.
Banco de dados antigos e inativos
Outro risco escondido está no passado. Muitas empresas mantêm bancos de dados antigos, acumulados ao longo de anos, sem qualquer tipo de limpeza ou atualização. Só que, segundo a LGPD, dados devem ser mantidos apenas pelo tempo necessário para sua finalidade original.
Se sua campanha atual está usando uma base de leads capturados há cinco anos, sem saber se aquelas pessoas ainda consentem com o uso dos dados… problema. Isso pode caracterizar uso indevido, mesmo que a intenção seja boa.
A melhor prática é fazer campanhas periódicas de revalidação de consentimento. Uma simples automação pode perguntar ao lead se ele ainda deseja receber conteúdos da empresa. Isso protege sua operação e melhora a qualificação da base.
Falta de assessoria especializada
É aqui que entra um erro estratégico: muitas empresas acreditam que a LGPD é assunto só para o jurídico. Quando, na verdade, ela impacta diretamente a operação de marketing. E por isso, contar com profissionais especializados em campanhas digitais e conformidade pode fazer toda a diferença.
Uma agencia de marketing digital Curitiba, por exemplo, que já tenha experiência prática com estratégias adaptadas à LGPD, consegue antecipar riscos e propor soluções sem travar a performance.
Isso inclui adaptar jornadas de automação, revisar formulários, configurar tags e cookies de forma segura, e garantir que toda a stack esteja preparada para lidar com dados de forma ética e legal. Em resumo: é possível crescer com responsabilidade — e sem sustos.
Ausência de política de privacidade atualizada
Você já leu a política de privacidade do seu próprio site? Muita gente nunca nem abriu o link. E pior: muitos sites ainda usam textos genéricos, copiados de outras empresas, sem refletir as práticas reais da organização.
Esse documento precisa ser claro, direto e fácil de entender. Nada de juridiquês interminável. E ele deve refletir exatamente como a empresa lida com os dados: desde a coleta até o descarte. Qualquer inconsistência entre o que está escrito e o que é praticado pode ser usada contra você em caso de fiscalização.
Além disso, a política de privacidade deve ser revisada periodicamente. Sempre que um novo sistema for integrado à operação — seja de CRM, mídia paga ou analytics — o texto precisa ser atualizado para incluir essa nova etapa no tratamento de dados.