Contrato, LGPD e CRECI: o compliance do corretor moderno

Por Parceria Jurídica

21 de outubro de 2025

A atividade do corretor de imóveis contemporâneo passou a exigir não apenas habilidades comerciais, mas também domínio jurídico e atenção às normas de proteção de dados. O cenário atual combina contratos digitais, autenticação eletrônica e requisitos regulatórios cada vez mais rigorosos. Cumprir essas obrigações é essencial para preservar a credibilidade profissional e evitar passivos legais que possam comprometer a operação.

Com a consolidação da transformação digital, a assinatura eletrônica e o armazenamento em nuvem tornaram-se práticas comuns. No entanto, esses avanços exigem o mesmo nível de cuidado que os documentos físicos, especialmente quanto à privacidade e à segurança das informações. A conformidade com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e com o código de ética do CRECI é hoje parte indissociável da atuação imobiliária.

O corretor moderno precisa atuar como gestor de riscos, garantindo que cada etapa da intermediação — da captação do imóvel à conclusão da transação — seja conduzida com transparência, rastreabilidade e base legal adequada. A confiança do cliente depende da solidez técnica e jurídica do profissional.

 

Clareza contratual e responsabilidade profissional

Em operações conduzidas por uma imobiliária Dois Irmãos, observa-se que contratos bem redigidos reduzem significativamente disputas e incertezas. O documento deve conter cláusulas claras sobre valores, prazos, responsabilidades e condições de rescisão. Além disso, é fundamental especificar a origem dos dados utilizados e o consentimento das partes, conforme exigido pela LGPD.

O contrato de corretagem é instrumento jurídico que formaliza a relação de intermediação e delimita a responsabilidade civil do profissional. Sua ausência ou redação inadequada pode gerar litígios e dificultar a comprovação de direitos. A transparência contratual é, portanto, tanto um requisito ético quanto uma proteção jurídica.

Ao adotar modelos digitais, é necessário verificar a validade legal da assinatura eletrônica, assegurando integridade e autenticidade documental. Ferramentas de certificação digital (ICP-Brasil) conferem segurança adicional, prevenindo falsificações e disputas de autoria.

 

Proteção de dados e obrigações da LGPD

A LGPD trouxe novas responsabilidades ao corretor de imóveis e às imobiliárias. Dados pessoais de clientes, como documentos, comprovantes e informações financeiras, devem ser coletados com finalidade específica e consentimento explícito. O uso indevido ou o vazamento dessas informações pode resultar em penalidades severas.

Além da coleta consciente, a lei exige que o profissional assegure o armazenamento seguro dos dados e respeite os direitos do titular, incluindo acesso, correção e exclusão. Isso implica revisar formulários, fichas cadastrais e sistemas de CRM para garantir aderência às normas.

Implementar políticas internas de privacidade e nomear um encarregado de dados (DPO) são medidas recomendadas para estruturar a governança. O compliance digital é, assim, não apenas uma obrigação legal, mas um diferencial competitivo que transmite confiança e profissionalismo.

 

CRECI e o código de ética profissional

O Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI) define padrões éticos que complementam as obrigações legais. O corretor deve agir com lealdade, diligência e transparência, evitando práticas que possam lesar clientes ou o mercado. O descumprimento dessas diretrizes pode levar a sanções administrativas, incluindo multas e suspensão do registro profissional.

O código de ética também exige atualização constante do corretor quanto às normas técnicas e jurídicas que regem sua atividade. Isso inclui o domínio de legislações como a LGPD, o Código Civil e as leis de locação e condomínio. O profissional ético é aquele que atua de forma informada e proativa.

Em um mercado cada vez mais competitivo e digital, a reputação do corretor está diretamente ligada à sua conduta ética. O cumprimento das regras do CRECI reforça a imagem institucional e contribui para a credibilidade do setor.

 

Contratos locatícios e cláusulas de segurança jurídica

Os contratos de locação exigem atenção especial às cláusulas de reajuste, garantias, responsabilidades e rescisões. A clareza na redação previne conflitos e facilita a execução judicial, caso necessária. O corretor, como intermediário, deve assegurar que ambas as partes compreendam as obrigações estabelecidas.

A atualização dos modelos contratuais conforme mudanças legislativas é fundamental. Por exemplo, o uso de garantias digitais e seguros-fiança requer ajustes específicos para garantir validade e cumprimento das normas do mercado financeiro.

O corretor que domina esses aspectos jurídicos não apenas cumpre sua função técnica, mas agrega valor à negociação. A assessoria jurídica preventiva é uma forma eficiente de fidelizar clientes e proteger a operação.

 

Gestão documental e certificação eletrônica

A digitalização de documentos imobiliários exige controle rigoroso de versões e prazos. Sistemas de gestão documental (DMS) ajudam a rastrear alterações e evitar extravios, assegurando integridade e acessibilidade das informações. O uso de metadados e auditorias automatizadas fortalece o controle interno e a transparência.

A certificação digital, quando aplicada a contratos, procurações e registros, garante validade jurídica e elimina a necessidade de presença física. Isso reduz custos, acelera processos e mantém conformidade com as normas do CRECI e da legislação civil.

O corretor que adota esses mecanismos demonstra maturidade institucional e compromisso com a modernização do setor. A gestão documental digital é hoje uma exigência de mercado, não apenas uma conveniência tecnológica.

 

Compliance imobiliário e cultura de integridade

O compliance, antes restrito a grandes corporações, tornou-se parte do cotidiano de profissionais autônomos e pequenas imobiliárias. Ele envolve não apenas o cumprimento de leis, mas a criação de uma cultura de integridade baseada em políticas internas, treinamentos e controles preventivos.

Programas de compliance eficazes abrangem desde a prevenção de fraudes até o uso ético de informações. Para corretores, isso inclui revisar contratos, auditar processos e manter registros de consentimento e comunicação com clientes.

Ao adotar práticas de compliance, o corretor moderno se posiciona como agente de confiança e referência em segurança jurídica. A profissionalização do setor depende, em grande parte, dessa capacidade de unir tecnologia, legislação e ética em uma estrutura coerente e sustentável.

 

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